Grupo acadêmico brasileiro protesta contra o Google


Pesquisadores do Insert, grupo da Universidade Estadual do Ceará que pesquisa sobre segurança da informação, pretende chamar atenção para os supostos deslizes do Google no Brasil quando o assunto é privacidade.

O Google Street View, serviço de fotografia panorâmica oferecido como parte de seu sistema de mapas, o Google Maps, que permite uma visão em 360° de várias cidades do mundo, está cercado de controvérsias. No Brasil, apresentou fotografias de cadáveres, pessoas em relações sexuais e outras cenas.

Em maio do ano passado, em resposta a uma investigação das autoridades públicas alemãs, o Google reconheceu que a frota de veículos que utiliza para tirar fotos nas ruas tinha recolhido 600 Gbytes de informação de redes Wi-Fi não protegidas, incluindo "fragmentos" de e-mails e buscas de internet.


O Google disse que a coleta ocorreu por acidente. A empresa reiterou que a coleta se trata de um erro, mas que não cometeu "nada ilegal".

O artigo "Os impactos de privacidade em redes Wi-Fi e implicações penais no Brasil do caso Google Street View", apresentado no último dia 29, em Fortaleza, no IV Congresso Tecnológico da InfoBrasil 2011, é o pontapé inicial de uma denúncia pública que o grupo pretende fazer.

O documento questiona a versão do Google e diz que é impossível que a empresa tenha coletado os dados por mero descuido, uma vez que o software usado foi construído por encomenda.

"É incompreensível o fato de que o Google respondeu penalmente em todos os países nos quais praticou tal delito, enquanto no Brasil a situação passa impune", diz Pablo Ximenes, pesquisador do grupo e professor da Universidade. "Além do artigo, planejamos apresentar uma notícia crime ao Ministério Público a respeito do tema."

O Google, diz coletar dados desde o ano passado, em maio, quando estourou a polêmica. Mas o Street View funcionou por quatro meses antes que ela tivesse suspendido a captura de redes sem fio, alerta o artigo.

O Google atuou com seu carro de coleta do Street View nas regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A empresa já sofreu questionamentos legais na Alemanha, Austrália, EUA, Coreia do Sul e vários outros.

OUTRO LADO

O Google informou, por meio de sua assessoria de imprensa no Brasil, que o Street View e a coleta de informações telemáticas são coisas diferentes. "O Street View não é o produto responsável por registros de conexões Wi-Fi, a única semelhança entre os dois é que ambos usavam o mesmo carro para coletar informações", disse a empresa, em nota oficial à Folha.

"Este outro produto foi descontinuado, enquanto o Street View está em operação no Brasil", completa.

Fonte: Folha.com

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